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Douglas Lopes

Tecendo olhares


Esta é a coluna Quem Tece a Redes, um compilado das histórias de pessoas que constroem a nossa organização e que tecem todos os dias o que fazemos de melhor: ações e projetos para moradores da Maré. Conheça aqui essas histórias, trajetórias, experiências e a própria história da Redes da Maré - e como esse trabalho e os desafios enfrentados a partir da pandemia os têm transformado.

Douglas Lopes (30) é o responsável pela maior parte das imagens e olhares que contam histórias e tecem a Redes da Maré. Nascido e criado na Maré, iniciou seus estudos de fotografia analógica e digital na adolescência, e atualmente é fotógrafo e produtor de vídeos na Comunicação Institucional da Redes da Maré, além do seu importante trabalho independente de fotografia.


Em 2013, começou a frequentar a Biblioteca Jorge Amado, na Lona Cultural Municipal Herbert Vianna, e a partir dessa aproximação desenvolveu peças gráficas para divulgação das atividades do espaço. Logo foi convidado para integrar a equipe como fotógrafo e desenvolvedor de conteúdos criativos. No ano seguinte, Douglas ministrou oficinas de fotografia e iniciação audiovisual com crianças do projeto Nenhum a Menos. Em 2017, foi convidado para integrar a equipe de comunicação institucional como social media e fotógrafo da Redes da Maré e do Jornal Maré de Notícias “para comunicar com o fotojornalismo a pluralidade da favela, as queixas, potências e direitos do território com um novo olhar na fotografia”.

As suas primeiras lembranças do território são de um lugar de ensino, de acolhimento, de lutas, diferenças e esperança. Que mesmo em tempos difíceis, ele identifica a capacidade de reinvenção, de força, e com o seu trabalho, espera criar reflexões sobre essa realidade: “se uma fotografia que eu fiz mudar um pouquinho o pensamento de alguém, fizer pessoas olharem questões, paisagens, acontecimentos e situações com novos olhos de empatia, de acolhimento e de compreensão, isso pra mim já é tudo”, comenta.

Para Douglas, ver de perto o trabalho desenvolvido pela Redes na Maré muda a vida das pessoas. “Diversas vezes eu me emocionei com histórias e trajetórias que se entrelaçam com o trabalho da Redes, acompanhando atividades da instituição e reportagens do Jornal Maré de Notícias.” A mais recente situação de emoção para ele foi na instalação de placas na Favela da Galinha: “dois meninos se abraçaram e comemoraram que a partir daquele momento a rua que eles moram passaria a ter um nome e uma placa. No momento o pessoal achou bobo, mas eu vi uma inocência, uma verdade e uma conquista ali naquele abraço”, conta.

Na campanha ‘Maré Diz NÃO ao Coronavírus’, Douglas trabalhou pensando a comunicação e fazendo a cobertura fotográfica das ações. “Todo dia sair para fotografar, editar vídeo, pensar formas de comunicar as ações da Redes no território foi um novo desafio”.

Para o pós pandemia, o fotógrafo espera que as pessoas tenham aprendido a respeitar as diferenças, que tenham mais empatia umas com as outras e sejam mais tolerantes a fim de diminuir as desigualdades de nossa sociedade. Que a justiça de crimes praticados contra favelas e periferias desse país seja feita “e que favelades desse país nunca se esqueçam de que somos potência e jamais permitam que firam a nossa existência”. “Você nunca tem seus direitos, até que todos tenham seus direitos”, é a mensagem final de Douglas nesse Quem Tece a Redes, fala de Marsha P. Johnson, ativista trans de Nova Iorque, nos anos 60, importante lembrança nesta semana que marca o Orgulho LGBTQIA+.

 




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