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18 de janeiro: Dia Estadual da Baía de Guanabara - Despoluir é preciso!

As margens da Baía de Guanabara sempre fizeram parte do imaginário dos moradores da Maré, dos mais velhos aos mais novos. A importância que ela carrega vem desde a construção desse território e, ainda hoje, continua para o sustento de muitas famílias de pescadores que seguem atuando na região.

 

Contudo, a falta de políticas públicas de saneamento básico responsáveis na maior parte dos municípios que compõem a Bacia Hidrográfica da Baía de Guanabara compromete sua conservação. Segundo dados de 2020 da Associação Brasileira de Limpeza Pública e Resíduos Especiais/ABRELPE, a Baía recebe, diariamente, um enorme volume de poluentes: mais de 4,5 milhões de litros de esgoto e quase 100 toneladas de lixo todos os dias, vindos de diversas partes do Rio. Dos 17 municípios que compõem a Bacia Hidrográfica da Baía de Guanabara, seis não têm tratamento de esgoto (Cachoeiras de Macacu, Guapimirim, Magé, Rio Bonito, São João de Meriti e Tanguá), enquanto 14 deles têm menos de 20% de seu esgoto tratado. Nesse sentido, os rios e valões que cortam a Maré funcionam como caminhos que correm para um só destino, carregando todos os resíduos e os depositando na Baía.

 

Para os moradores da Maré que dependem dessas águas, como os pescadores, a situação fica mais crítica. Eles relatam que, a cada ano, os peixes se tornam mais escassos; é preciso ir cada vez mais longe em suas pescarias. Além disso, a exposição à água cada vez mais poluída os colocam em risco constante. Ainda assim, não deixam de contar suas memórias de lazer nas praias que hoje não se pode mais adentrar.

 

Fotos: Patrick Marinho - "Navegantes"

 

Decisões de planejamento urbano equivocadas tomadas no passado e a falta de ações articuladas do poder público resultam em rios poluídos, esgoto à céu aberto e diminuição drástica da biodiversidade do entorno da Baía.

 

A Redes da Maré, assim como diversas organizações da sociedade civil, busca sensibilizar os moradores para a importância desse corpo hídrico tão fundamental para nossas vidas e culturas. Seguimos, também, produzindo dados e desenvolvendo ações que possam incidir na formulação de políticas públicas que contribuam para o estabelecimento de práticas ambientais inteligentes e para uma cidade mais sustentável, que garanta, por exemplo, saneamento básico de qualidade e água limpa para todos.

 

Despoluir a Baía é urgente, mas é importante entender que esse processo começa bem distante de seus limites. É necessário investir em medidas socioambientais e políticas públicas eficientes de saneamento básico de todos os municípios que compõem a bacia, despoluir os rios que deságuam nela e tratar os resíduos sólidos de todas as cidades que a circundam, além de estimular a participação popular no monitoramento dos processos para que possamos garantir mudanças estruturantes e fundamentais. E para crimes ambientais, que se acumulam ao longo dos anos, a responsabilização e punição dos agentes que causaram danos diretos e/ou indiretos ao meio ambiente, à saúde humana e animal é fundamental.

 

Veja também a entrevista que o Maré de Notícias fez com o ecologista, ambientalista e cofundador do Movimento Baía Viva, Sérgio Ricardo de Lima sobre os desafios encontrados ao longo do ano, as conquistas e as estratégias de mobilização e articulação para modificar o cenário atual. De acordo com ele, o Movimento Baía Viva desenvolve projetos em defesa dos ecossistemas da região e uma dessas ações resultou na Universidade do Mar da Baía de Guanabara (UniMar) em parceria com a Universidade de Oceanografia da UERJ, MORENA (Associação de Moradores de Paquetá) e já conta com apoio de mais de 50 departamentos, laboratório e grupos de pesquisa. Em março de 2022, o reitor da UERJ, Professor Ricardo Lodi assinou o ato que institui o UniMar como Programa de Extensão. 

  

Rio de Janeiro, 18 de janeiro de 2023

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