PROJETO

O projeto Maré de Direitos visa ampliar o acesso a direitos e desenvolver modelos de boas práticas de atendimentos gratuitos à população da Maré, interferindo nas práticas sociais dos órgãos de justiça. Por meio de atendimento sociojuridico e psicossocial, o projeto oferece aos mareenses acolhimento e orientações sobre demandas cotidianas, acesso a direitos e situações de violência.

O Maré de Direitos realiza atendimentos semanais nas favelas da Nova Holanda, Nova Maré, Vila dos Pinheiros, Parque União e Marcílio Dias.

 

 







As demandas atendidas pelo projeto são: direito de família, direito civil, direito penal, direito comercial, direito trabalhista, direito tributário, direito previdenciário, entre outras.

A equipe procura orientar e facilitar o acesso a benefícios e programas de transferências de renda, situações de abrigamento, retirada de documentos e acesso a serviços de psicologia, bem como a instituições e serviços públicos de atendimento à população.

Além disso, trabalha no enfrentamento a todos os tipos de violência, atendendo majoritariamente situações de violência de gênero, violência contra crianças e adolescentes, violência contra idoso, violência contra população LGBTQIA+, vítimas de violência armada e violações de direitos em geral.

Fotos 01 e 02: 1ª edição do Circuito Maré de Direitos na rua, em 2022

 

Ações em parcerias


Defensoria em Ação nas Favelas

Além dos atendimentos de assistência social e jurídica com a equipe do projeto, buscou-se a aproximação com os órgãos de justiça, entendendo a falta de acessos dos moradores aos equipamentos públicos devido à distância e ausência dessas instituições nas favelas.

Em 2019, começaram os atendimentos presenciais em parceria com a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro nas favelas da Maré. Essa parceria e a metodologia do trabalho resultaram no projeto Defensoria Pública em Ação nas Favelas, que atualmente é realizado em diversas favelas do Rio de Janeiro.

Os atendimentos com os defensores públicos são mediados pela equipe do Maré de Direitos após uma pré-avaliação e agendamento dos casos. Essa atividade acontece uma vez por mês (aos sábados) e oferece serviços gratuitos de orientação jurídica e acompanhamento processual nas áreas cível, de família, execução penal e direito do consumidor.

Entre os exemplos de casos acolhidos e atendidos, estão: pensão alimentícia, demandas relacionadas ao direito do consumidor, reconhecimento de união estável, retificação de registro de nascimento ou casamento, reconhecimento de paternidade, guarda, tutela, curatela, divórcio, alvará, execução penal, registro tardio de partilha de bens, entre outros.

Os atendimentos costumam acontecer nas sedes da Redes da Maré na Nova Holanda (Rua Sargento Silva Nunes, nº 1012) e na Vila dos Pinheiros (CIEP Gustavo Capanema, Via A1, s/nº), de 9h às 15h.

NUDEM - Núcleo Especial de Defesa dos Direitos da Mulher

O NUDEM é um órgão da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro voltado para o atendimento de mulheres em situação de violência e outras demandas que precisem de judicialização.

Desde 2022, o atendimento acontece mensalmente no território da Maré (toda última quarta-feira do mês) junto à equipe de atendimento da Casa das Mulheres da Maré (Rua Paz, 42 - Parque União) e ocorre mediante agendamento prévio da equipe do Maré de Direitos.

As mulheres atendidas são acompanhadas pelas equipes sociojurídicas e defensora pública e encaminhadas para outros projetos, sobretudo, para equipes psicossociais da Casa das Mulheres da Maré.

FND - Faculdade Nacional de Direito

A parceria com a Faculdade Nacional de Direito, a partir do Grupo de Extensão Clínica do Trabalho, possibilita que os atendidos do Projeto Maré de Direitos tenham acesso ao atendimento na área do Direito do Trabalho.

Coletivo de Mães

Esse coletivo reúne mães que viveram a extrema dor com a perda dos seus filhos em contexto de violência armada. O apoio do Maré de Direitos, a partir do atendimento multidisciplinar com assistente social, psicólogo e advogada, consiste em proporcionar estrutura e possibilidades de acesso à justiça, acolhimento psicossocial e desenvolvimento individual para além do sofrimento que elas vivenciaram. Por isso, as atividades envolvem acesso à cidade, com atividades externas em teatros, cinemas e exposições, cuidado em saúde mental, orientações jurídicas e ampliação do campo de possibilidades trabalhando perspectivas futuras de formação, emprego e renda.

Memorial homenageia vítimas da violência no Conjunto das 16 Favelas da Maré

Inaugurado em 04 de novembro de 2022, o Memorial das Vítimas da Violência Armada no Conjunto de Favelas da Maré preserva a memória de 127 pessoas que tiveram suas vidas interrompidas pela violência no território em operações policiais e confrontos armados. Os nomes estão gravados em um mural de azulejos na rua Ivanildo Alves, na favela Nova Maré, ao lado da Lona Cultural Municipal Herbert Vianna.

A equipe do Maré de Direitos realizou o acompanhamento psicossocial e as oficinas de azulejos com as famílias que se disponibilizaram a participar e inserir os nomes para serem incluídos no Memorial. Saiba mais aqui na reportagem especial do Maré de Notícias.

Fotos 01 e 02: Inauguração do Memorial em homenagem às vítimas da violência armada na Maré, em 04/11/2022, na Nova Maré.

 

Ação Civil Pública da Maré (2016)


Em junho de 2016, a Redes da Maré, as Associações de Moradores do território e a ONG Luta pela Paz foram até o Plantão Judiciário, do Tribunal de Justiça do Estado, denunciar uma série de violações de direitos ocorridas durante uma operação policial na Maré, que entrou no período noturno. Com apoio da Defensoria Pública, o grupo conseguiu que a juíza de plantão determinasse a paralisação daquela ação. Como desdobramento dessa ação, temos o que ficou conhecido como a Ação Civil Pública da Maré.

Através da parceria com a Defensoria Pública e o Ministério Público, durante aquele ano, a Redes da Maré subsidiou esses órgãos com informações e dados sobre violações de direitos na Maré.

Em 2017, foi concedida uma liminar com alguns avanços pelo direito à segurança pública na Maré. Dentre eles, destacam-se: [1] “Que a Secretaria de Segurança Pública apresente no prazo 180 dias um plano de redução de riscos e danos para o enfrentamento a violações de direitos humanos decorrentes de intervenção de agentes de Segurança Pública na Maré”;[2] “A presença obrigatória de ambulâncias em todas as operações policiais realizadas no Complexo da Maré”;[3] “A instalação de equipamentos de vídeo, áudio e GPS nas viaturas da Polícia Civil e Militar que armazene dados no período de 2 anos, priorizando as viaturas utilizadas no Complexo da Maré”; [4] “Que os mandados judiciais de prisão e de busca e apreensão por parte das polícias devem ser cumpridos durante o dia, salvo em caso de flagrante delito, desastre ou para prestar socorro”.

Porém, três anos depois, as operações policiais e as violações de direitos se intensificaram. Em junho de 2019, todas essas determinações da ACP foram suspensas..A partir do movimento Cartas da Maré, que reuniu moradores e instituições locais que produziram cartas e desenhos destinados ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, foi possível protestar contra essa decisão. Em 14 de agosto de 2019, a ACP foi retomada, mas em regime provisório até o julgamento do caso. Saiba mais na reportagem do Maré de Notícias.

Até hoje, a equipe do Maré de Direitos vem monitorando e acompanhando o andamento da Ação Civil Pública e enviando relatórios regulares sobre as operações policiais para a Defensoria Pública e Ministério Público.

Foto 01 e 02: Movimento “Cartas da Maré” que reuniu mais de 1.500 cartas com desenhos e mensagens dos moradores da Maré, especialmente crianças e jovens, como forma de manifestação contra a suspensão da ACP da Maré.

PRINCIPAIS REALIZAÇÕES

2022

No total, mais de 1.300 pessoas foram atendidas pelo projeto diretamente e mais de três mil se beneficiaram indiretamente. | A 1ª edição do Circuito Maré de Direitos na rua atendeu cerca de 133 pessoas, com 399 beneficiários indiretos. | Foram realizados 16 encontros com o Coletivo de Mães, onde 48 mulheres participaram das atividades internas e externas. | Desenvolvimento de ações em parceria com o Coletivo, como o Memorial às Vítimas de Violência Armada, que reuniu cerca de 100 famílias. | 239 mareenses foram atendidos pela Defensoria em Ação resultando em 215 processos distribuídos. | Participação no lançamento da Pesquisa Defensoria em Ação nas Favelas | Em parceria com a equipe do Serviço de Psicologia Aplicada da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (SPA/ UERJ), as equipes do projeto Maré de Direitos, juntamente com os estudantes, graduandos e doutorandos de psicologia, coordenados pela professora Drª Heloisa Caldas, vêm realizando atividades com mulheres Vítimas de Violência Doméstica.

2021

Mais de 1.230 moradores foram atendidos pelo Maré de Direitos. Com a adesão dos atendimentos on-line, depois do ápice da pandemia, o número de atendimentos aumentou consideravelmente. | De outubro a novembro, os atendimentos da Defensoria em Ação voltaram para a forma presencial. | Construção de novas parcerias com a Faculdade Nacional de Direito, Universidade Federal Fluminense (UFF) e o Núcleo de Defesa dos Direitos da Mulher (NUDEM). | O Maré de Direitos ficou entre os 15 finalistas do Prêmio Banco do Brasil, voltado para iniciativas sociais replicáveis do país - Veja a entrevista. | Três mães do Grupo de Mães da Maré participaram da audiência pública relacionada à Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 635 (“ADPF das Favelas”) ao vivo com ministros, organizações da sociedade civil e outras instituições.

 

2020

Início dos atendimentos via WhatsApp pelo Maré de Direitos, sobretudo de demandas sociojurídicas e informações sobre acesso a benefícios sociais, como o auxílio emergencial disponibilizado pelo governo federal naquele momento. | Mais de 2.400 atendimentos foram realizados, grande parte pelo atendimento on-line, que beneficiou os moradores de março a agosto durante o período de isolamento. | Cerca de 100 pessoas também foram atendidas de maneira remota pela “Defensoria em Ação na Maré” | O Maré de Direitos recebeu o Prêmio Innovare - Edição XVII na categoria ‘Justiça e Cidadania’.

2019

Mais de 520 atendimentos realizados em três espaços de atendimentos oferecidos pelo eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça: sede da Redes da Maré na Nova Holanda, Lona Cultural Municipal Herbert Vianna e Associação de Moradores da Vila do João (até final de maio) e na sede da Redes da Maré na Vila dos Pinheiros (a partir de junho). | Cerca de 170 pessoas foram atendidas pelo projeto Defensoria Pública em Ação na Maré. | Com o crescente número de operações policiais em 2019, a equipe produziu um relatório para a ONU com o objetivo de apresentar o cenário de constantes violações de direitos fundamentais empreendidas pelo Estado no território da Maré, contrariando as orientações previstas na Ação Civil Pública da Maré, suspensa em 19 de junho de 2019. | A atividade da aula aberta sobre o tema: “O que é Justiça” foi realizada em parceria com a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro e com equipamentos que atuam no território da Maré.

2018

Mais de 215 pessoas foram atendidas pelo projeto Maré de Direitos. | Realização de aulas abertas com temas relacionados à justiça - como o decreto da intervenção federal no estado do Rio de Janeiro, Ação Civil Público da Maré e racismo no contexto do direito constitucional ao penal - atingindo cerca de 80 pessoas. | Ampliação da metodologia do projeto em parceria com o antigo eixo de Desenvolvimento Territorial, possibilitando a abertura de dois polos de atendimento sociojurídico para atender demandas acerca da política de drogas, que aconteceu no Espaço Normal, e para mulheres, na Casa das Mulheres. | Publicação do Artigo “A Reinvenção da Luta pelo Direito à Segurança Pública na Maré" Revista Comunicações do ISER - nº 72 - Reparação como política: reflexões sobre as respostas à violência de Estado no Rio de Janeiro. | Participação da Redes da Maré como “amicus curiae” na Ação Civil Pública da Maré (ou seja, a instituição teve a oportunidade de contribuir nas decisões dos tribunais, oferecendo bases e experiências). | Início dos encontros regulares entre mães e mulheres da Maré vítimas de violência do Estado.

2017

Ao longo de 2017, o atendimento sociojurídico foi realizado semanalmente na comunidade da Nova Holanda, proporcionando mais de 320 atendimentos. | O projeto teve um aumento de 100% na sua capacidade de atendimento às violações de direitos fundamentais pela ampliação da equipe e aprimoramento da sua metodologia. | A partir de outubro, começaram a ser realizados atendimentos itinerantes em outras comunidades da Maré para facilitar o acesso dos moradores das diferentes localidades ao serviço. | Início de articulação com uma rede de proteção social e acesso à justiça, como unidades de saúde, educação e assistência social, Defensoria Pública e núcleos de práticas jurídicas. | A partir da ação judicial iniciada no ano anterior, a Ação Civil Pública da Maré foi consolidada através da parceria com a Defensoria Pública e o Ministério Público. | Articulação com a Defensoria Pública para a instalação de um núcleo de 1º atendimento da Defensoria Pública na Maré. | Realização quinzenal de grupo reflexivo e terapêutico em parceria com o Núcleo de Apoio Psicossocial a Afetados pela Violência do Estado (NAPAVE).

2016

No primeiro ano do projeto, mais de 245 mareenses foram atendidos a partir de visitas domiciliares, atendimentos em grupo, visitas institucionais e atendimentos de casos de violações de direitos cometidas por agentes de segurança pública durante as operações policiais. | Ação judicial articulada e iniciada pela Redes da Maré junto ao Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública, com apoio da ONG Luta Pela Paz e das Associações de Moradores do Conjunto de Favelas da Maré, que teve como objetivo impedir operações policiais durante o período da noite na Maré, conforme previsto em lei.

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