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Qual o papel da grande mídia na cobertura de operações em favelas?

Em mais uma operação policial na Maré, no dia de hoje, 11 de maio, se destaca a participação de emissoras de televisão na dinâmica da ação policial. Os moradores pontuam a presença dos repórteres e cinegrafistas e salientam a influência da mídia no debate sobre a política de segurança pública, na cidade do Rio de Janeiro.

A construção de narrativas acerca das favelas e periferias, utilizadas pelos meios de comunicação aberta que não compreendem a complexidade de territórios como o Conjunto de Favelas da Maré, historicamente reforça e reproduz estereótipos sobre representação social da favela de forma rasa e pouco propositiva em termos práticos para a consolidação de perspectivas de segurança pública equânime para a cidade. Assim, algumas emissoras tendem a criar meios de justificar as ações coercitivas e violentas do Estado em favelas, principalmente, voltadas para o perfil de jovens e negros.

A maneira como as notícias têm sido propagadas tem como consequência os impactos negativos de criminalização desses espaços, afetando diretamente na oferta do acesso e da consolidação de direitos básicos da população que vive na Maré, rotulando e reduzindo esse lugar tão amplo e enigmático a situações de crime e violência, como se esses elementos fossem uma exclusividade das favelas cariocas. A Maré é lugar de vida, de pessoas, de arte, de música e de densidade populacional e cultural. Os trabalhadores que moram nesses territórios têm sua rotina interrompida e vivenciam situações intoleráveis por quem mora em outras partes da cidade.

Os discursos propagados pelos veículos de comunicação, com conteúdos baseados em moralidades e julgamento de valores individualizados, invisibilizam problemas estruturais da consolidação da política de segurança e revalidam as práticas de vigilância militarizadas do Estado direcionadas à população favelada. Práticas que, aos olhos da opinião pública, são vistas como resultado efetivo das ações das polícias, mas que a longo prazo não apresentam efetividade concretas para o avanço de uma política de segurança pública respeitosa, que prioriza o direito à vida e que seja equânime para todas as regiões do Estado do Rio de Janeiro.

A Redes da Maré reitera seu compromisso com moradores do território e realiza ações que provocam o amplo debate sobre os desafios e possibilidades de novas perspectivas na efetivação de uma política de segurança pública baseada na defesa dos direitos fundamentais básicos das pessoas que vivem nesse lugar.

 

Redes da Maré

Rio de Janeiro, 11 de maio de 2023

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