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Redes da Maré realiza 1ª Semana dos Direitos Humanos na Maré

Por Marko Costa

Edição: Gracilene Firmino

 

A primeira edição da Semana dos Direitos Humanos na Maré movimentou o conjunto de favelas e possibilitou muitos diálogos necessários a respeito deste tema tão relevante para a sociedade, sobretudo para territórios periféricos, onde vários direitos são negados ou negligenciados. Promovido pelo eixo Direito à Segurança Pública e Acesso à Justiça, da Redes da Maré, o evento contou com seis dias de programação imersiva, tratando deste assunto em várias vertentes e formatos, com públicos diversos e de todas as idades.

Começando pela Caminhada a Céu Aberto, moradores, visitantes e tecedores puderam vivenciar a experiência de conhecer pontos históricos do Conjunto de Favelas da Maré, observados por uma ótica de construção de espaços e territórios conquistados por muitos pioneiros da luta histórica por justiça e igualdade social na favela. À frente deste roteiro, o professor Ernani Alcides contou a história de cada local visitado e apresentou dados e fatos relevantes.

No dia seguinte, foi a vez das crianças e adolescentes da Maré estarem inseridas na programação. O congresso Falando Sobre Segurança Pública com Crianças e Adolescentes da Maré aconteceu na Areninha Cultural Herbert Vianna, onde foram apresentadas iniciativas e atividades realizadas por crianças da rede de educação do território e, também, por aquelas que fazem parte da programação de atividades da Areninha. O evento contou com apresentação musical, exposição de trabalhos, manifestos e um lindo cortejo pelo entorno do equipamento, com a mensagem e o pedido de que moradoras e moradores tenham direito à segurança pública na Maré.

 

Foto: Patrick Marinho

Dando continuidade a programação, de 6 a 8 de dezembro, foi a vez do 2º Congresso Falando Sobre Segurança Pública na Maré. Com dezenas de convidados de diversos estados e engajados com o tema, projetos, instituições e presença da sociedade civil. Todos envolvidos direta ou indiretamente com ações relacionadas à defesa dos Direitos Humanos e falando sobre a pauta de segurança em territórios periféricos. O evento foi abrangente e buscou trazer todos para este debate tão urgente.

Camila Barros, coordenadora do projeto De Olho na Maré e umas das organizadoras do Congresso, falou sobre a importância de escoar este tema na Semana dos Direitos Humanos da Maré, por meio de narrativas construídas por ativistas de perfis diferentes numa perspectiva de não apenas discutir o tema, mas também de propor soluções.

“Discutir segurança pública dentro da pauta dos Direitos Humanos é imprescindível. Infelizmente, a política que mais viola os direitos humanos atualmente e historicamente em territórios periféricos e de favela é a de segurança pública. Então, trazer muitas personalidades que falem sobre este tema é necessário não apenas para debater e trazer estes dados, mas também para pensar estratégias e soluções que vão para além da polícia e do presídio. Nessa perspectiva, e a partir desses debates, de quem de fato deve protagonizar a discussão, poderemos pensar em uma nova política de segurança pública que traga menos danos e mais qualidade de vida para moradores de periferias. Vale lembrar também dos desafios que enfrentamos diariamente para desconstruir a imagem que a população tem sobre a favela. Pensando em um lugar criminalizado, e não como uma parte da cidade”, conclui Camila.

A programação foi encerrada com a 2ª Feira dos Direitos Humanos na Maré, que aconteceu na Rua Ivanildo Alves, na Nova Maré, e possibilitou aos moradores uma proposta de mobilização comunitária e institucional sobre os direitos humanos no contexto de favela. Participaram da ação instituições engajadas em articulação comunitária relacionadas ao seu trabalho no campo dos direitos humanos, promovendo um diálogo aberto, objetivo e afetuoso com o público.

 

Redes da Maré

Rio de Janeiro, 27 de dezembro de 2023

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