O dia 22 de novembro de 2023 é uma data que ficará marcada na história da cultura das 16 favelas da Maré: a inauguração da Areninha Cultural Herbert Vianna e da Biblioteca Jorge Amado, após programa de recuperação “Cultura do Amanhã”, da Prefeitura do Rio, para os equipamentos culturais nas zonas suburbanas da cidade. Este e outros cinco espaços (Vista Alegre, Santa Cruz, Guadalupe, Anchieta e Jacarepaguá) passaram por essas obras integrais em toda a sua estrutura. A cerimônia de inauguração contou com a presença do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, do Secretário Municipal de Cultura, Marcelo Calero, do Subprefeito da Zona Norte, Diego Vaz, do Vereador do Rio, Edson Santos, de representantes e executivos locais da Prefeitura do Rio, como a Gerente de Livro e Leitura, Aladia Araújo, e a Gerente de Lonas, Arenas e Areninhas, Elaine Rosa, da diretora da Redes da Maré, Eliana Sousa Silva, e do presidente da Associação de Moradores da Baixa do Sapateiro.
Da esquerda para a direita: Elaine Rosa, Aladia Araújo, Eliana Sousa Silva, Eduardo Paes, Edson Santos e Marcelo Calero. Foto: Patrick Marinho
“Esse espaço quase chegou a ser fechado duas vezes e só existe porque há uma luta dos moradores para mantê-lo vivo. Queria lembrar de todas as pessoas que lutaram para este espaço chegar a ser uma Areninha, porque a Maré, por ser um conjunto grande de favelas, merece equipamentos de cultura e muito mais poderosos e inclusivos. Estamos mostrando a potência que tem na Maré. A Areninha está cheia de crianças hoje porque aqui é ocupada por elas diariamente. Estamos em uma região com muitas escolas em que os espaços de cultura, como a Areninha e a Vila Olímpica, são muito importantes para as crianças do futuro. Este é um espaço de resistência, público e de cultura do Conjunto de Favelas da Maré!”, reforça a fundadora e diretora Eliana Sousa Silva da Redes da Maré.
Henrique Alves, engenheiro da Secretaria Municipal da Cultura e responsável pela reforma da Areninha da Maré, deu um panorama sobre as principais mudanças na Areninha: inclusão de telha termoacústica, climatização em todo o espaço com a instalação de ar-condicionados, reformulação do palco, pintura em toda a arquibancada, inclusão de esquadrias (janelas na parte superior) para melhorar a circulação de ar, plataforma elevatória na área da coxia, reforma geral nos sanitários e construção de um acessível, substituição de telhas dos anexos.
Além disso, foi feita uma renovação do espaço da cantina, criação de uma sala multiuso, reforma do camarim com inclusão de banheiro para Pessoas com Deficiência (PcD).
A Biblioteca Municipal Jorge Amado também passou por uma reforma integral: novo piso, novos banheiros, instalação de ar-condicionado e iluminação reformulada. A Casa Preta da Maré também doou uma série de livros para o acervo da biblioteca.
Foto: Patrick Marinho
“A Lona nasceu no dia 25 de maio de 2005 e desde 2009 a co-gestão é realizada pela Redes da Maré. Eu trabalhei durante nove anos na Lona: como assistente de produção, produtor e coordenador. Estou muito animado e emocionado de ver esse espaço da maneira como ele está hoje, com todas essas crianças. Quero agradecer a todas as pessoas envolvidas para que isso acontecesse”, conta o produtor e mareense Carlos Marra.
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, também explicou sobre o impacto e a criação de valores que a Areninha estará possibilitando. “As obras que precisamos fazer nas favelas cariocas precisam ser mais qualificadas ainda. É um espaço em que as pessoas podem vir, se encontrar com a arte, a cultura, momentos de reflexão, lazer e entretenimento. Fico muito feliz de ver a Lona transformada em uma Areninha recuperada com mais conforto. Você tem que ir aos poucos melhorando a vida da comunidade. Temos que mostrar para essas crianças que a cidade está aberta para eles, que o poder público está olhando, que as pessoas têm carinho e que existe um mundo diferente para além das mazelas do nosso dia a dia que são muitas. Vamos sempre buscar superar!”, explica o prefeito.
Cerimônia de inauguração da nova Areninha da Maré e da Biblioteca Jorge Amado. Foto: Patrick Marinho
O Secretário Municipal de Cultura, Marcelo Calero, contou como um equipamento cultural público tem importância cultural grande, tanto em termos de fruição (utilização), um lugar para a preços baratos e, na maioria das vezes, gratuito, quanto para a produção cultural, a partir do despertar de novos talentos que começam nos equipamentos públicos. “A gente sabe que é um espaço onde as pessoas não precisam pagar aluguel, terão acesso a um bom som e iluminação, poderão desenvolver integralmente o seu talento. A gente traz um lugar, como a Areninha da Maré, onde as pessoas podem se desenvolver, ter a sua produção cultural valorizada, o seu talento valorizado, podem ter contato com outras estéticas e talentos, além de amadurecer o seu fazer cultural. Ao mesmo tempo, elas passam a ser paradigmas para outras pessoas”. O Secretário também ressaltou que a Biblioteca Jorge Amado já está no padrão das Bibliotecas do Amanhã.
300 crianças das escolas municipais da região (EDI Professora Cleia Santos de Oliveira, EM Escritor Bartolomeu Campos de Queiros, EDI Professor Moacyr de Góes e o EDI Maria Amélia Castro Belford) e do projeto Uerê foram convidadas para participarem da cerimônia de inauguração e das programações seguidas na parte da manhã e mais 200 aproveitaram as atividades no período da tarde. A avó de Thiago, de 6 anos, Marinete, conheceu o espaço há pouco tempo. Seu neto costuma frequentar a Vila Olímpica, ao lado da Areninha, para fazer aulas de natação e jiu-jitsu. Moradores da Baixa do Sapateiro, eles adoraram o novo espaço e Marinete enfatizou sobre o merecimento da reforma no espaço, por ser localizado em uma região carente. Thiago só sabia falar: “nota mil de dez!”.
Confira o restante da programação em comemoração à inauguração aqui.
Foto: Patrick Marinho
