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Gilberto Dimenstein deixa legado de empatia, solidariedade e olhar para as questões sociais

Em dezembro de 2019, o jornalista Gilberto Dimenstein deu uma entrevista ao jornal Folha de S. Paulo onde falou sobre a sua luta contra o câncer. Disse, na ocasião, que era a época mais feliz de sua vida, apesar da doença, porque conseguiu enxergar com maior profundidade o presente e as coisas do cotidiano que não via, tão ocupado com a correria do dia a dia e a carreira profissional.

Em 29 de maio de 2020, passados quatro meses daquela entrevista, Dimenstein faleceu. Perdeu a luta contra o câncer, mas nos deixou um enorme legado vivo. Como jornalista, trabalhou em grandes jornais, como O Globo, Folha de S. Paulo, Jornal do Brasil, Revista Veja e Correio Brasiliense onde sempre enfrentou as questões do Brasil. Por sua atuação na defesa da justiça social e dos direitos humanos ganhou o Prêmio Nacional de Direitos Humanos – com Paulo Evaristo Arns - e o Prêmio Criança e Paz, do Unicef.

Foi escritor, tendo recebido vários prêmios literários, incluindo um Prêmio Jabuti, com o livro “Cidadão de Papel” que tanto influenciou educadores do Brasil e do mundo. Fundou a ONG Cidade Escola Aprendiz a partir da experiência do projeto Bairro Escola, premiado pelo Unicef como iniciativa modelo que deveria ser replicada no mundo. Era presidente do Conselho da Orquestra Sinfônica de Heliópolis, em São Paulo, projeto que atende cerca de 1.300 crianças daquela favela, hoje uma das maiores inciativas socioculturais do Brasil. E, mais recentemente, criou o site “Catraca Livre” onde divulgava ações culturais.

“Mudei minha carreira para fazer um jornalismo que não é de filantropia nem altruísmo, mas de empoderamento, de usar a comunicação para promover causas”, dizia Dimenstein.

E assim o fez.

Promoveu as causas em favor de mudanças que pudessem ajudar a gerar maior igualdade e melhorar a vida daqueles que mais necessitavam.

Gilberto Dimenstein nos deixa em uma hora crítica. Justamente quando faltam homens de grande visão e dedicação às causas da educação, da liberdade e da igualdade.

Por isso, mais do que nunca, é preciso reconhecer seu legado e a importância de suas lutas. É preciso reconhecer ainda sua empatia e solidariedade para com as pessoas, algo tão em falta nos nossos tempos.

Homem sensível que combinava a raríssima arte de pensar e agir, Dimenstein tinha o dom de mudar as pessoas, as circunstâncias, os projetos. Educador, jornalista, escritor e artista. Todos num só e ao mesmo tempo.

Ao falar sobre a morte disse: “a clareza maior da morte é uma dádiva. Não é o fim, mas um começo”. Talvez estivesse nos convidando a continuar suas lutas quando cá não mais estivesse.

Por isso, a maior homenagem que podemos fazer a esse homem extraordinário será continuar seu legado de empatia, solidariedade e busca por um mundo melhor para todos, especialmente para as crianças do nosso país.

Toda a nossa solidariedade à família e amigos de Gilberto Dimenstein.

Redes da Maré

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