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10ª operação na Maré é marcada por violações de direitos

A Redes da Maré repudia os casos de violações de direitos ocorridos nesta quarta-feira (24), durante operação policial no Conjunto de Favelas da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro. É a décima operação policial ocorrida em 2024. As ações se concentraram em Nova Holanda, Parque União e Rubens Vaz. A alegação por parte da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro é a mesma: combater os grupos armados e o roubo de cargas e veículos.

Um dos relatos é de embrulhar o estômago. Uma moradora, que pediu para não ser identificada porque teme represálias, autorizou a divulgação do que aconteceu com sua família, por volta das 4h, dentro da sua residência. “Não deixaram colocar minha roupa e me colocaram no quarto com a minha neta sentada. Fiquei ouvindo os gritos de socorro sem poder fazer nada. E ainda disseram: ‘posso te levar pra DP e jogar um monte de coisas em cima de você", relatou. A vítima contou que o cabo do seu carregador foi usado para que policiais amarrassem um familiar, que foi agredido. Ela foi embora da própria casa e tem medo de voltar.

Além desse caso, houve um relato de cárcere privado, violência física e psicológica, e outro em que a vítima sinalizou uma situação de assédio moral, violência psicológica e ameaça por parte dos agentes de segurança pública. Cabe ressaltar que na operação desta quarta-feira participaram policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Ações com Cães (Bac).

A Redes da Maré perguntou às autoridades sobre o uso de câmeras corporais, medida prevista na ADPF das Favelas e que poderia assegurar a abordagem legal por parte dos agentes, evitando abusos policiais, mas, até o momento, não houve retorno.

Três unidades de saúde tiveram seu funcionamento parcial ou totalmente interrompido e 23 escolas, sendo 21 municipais e 2 estaduais, foram impactadas pela operação. Essa foi, inclusive, a manchete que estampou o noticiário, ao longo do dia. Esse é um impacto grave e uma violação do direito ao acesso à educação que afeta o desempenho dos estudantes mareenses ao longo da vida. Vale ressaltar que a ausência de letalidade não diminui a violência da operação. Os casos relatados que estamos acompanhando são muito graves.

Mais uma vez chamamos a atenção para a questionável atuação da polícia em operações com condutas, inclusive, ilegais. Será que essa é a conduta em operações de busca, apreensão e prisão ocorridas em bairro “nobre” do Rio de Janeiro? Fica o questionamento.

 

Redes da Maré

Rio de Janeiro, 26 de abril de 2024

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