Hoje (25/07) aconteceu mais uma edição do Caminhos da Maré, conduzido pela coordenadora da Casa Preta da Maré, Fernanda Viana. O encontro teve como tema "Mulheres negras na Maré", em homenagem ao Dia de Tereza de Benguela e ao Dia da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha (25 de julho). A data reforça a importância do território e das lutas vividas aqui por mulheres racializadas, na busca de uma emancipação comunitária.
A caminhada foi iniciada a partir da Praça da Paz e Praça do Valão na Nova Holanda, e Fernanda contou sobre a importância da mobilização comunitária e como as mulheres encabeçam as lutas por melhor qualidade de vida, como é o caso de Helena Edir, uma das diretoras da Redes da Maré, que sempre esteve na luta por melhores condições de vida das mulheres mareenses.
O público seguiu pelo Prédio Central da Redes da Maré, onde Fernanda contou a história do que antes funcionava no espaço e como os corpos favelados eram controlados no processo de remoção forçada. O grupo conheceu o Ciep Hélio Smidt, em Rubens Vaz, importante no processo de ocupação da região, além do Cais de Pescadores, localizado no Parque União.
Visita ao Cais de Pescadores, no Parque União. Foto: Patrick Marinho
Essa foi a primeira edição que teve o maior número de crianças participando e o olhar delas refletiu para os acessos e a circulação pela cidade. "Falamos sobre política de habilitação, de educação, de segurança pública, de cultura. Conseguimos falar sobre a importância da mobilização comunitária e da incidência no poder público. Elas gostaram de aprender andando pela Maré. Nenhuma chegou a conhecer o Cais de Pescadores, por exemplo, e tiveram essa primeira oportunidade via Caminhos da Maré. Muitas têm vontade de ir para o Centro da Cidade por vias pluviais", comenta Fernanda.
30 pessoas participaram, entre moradores, tecedores e as crianças que frequentam a Lona Cultural Municipal Herbert Vianna.
Sobre o Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha
“Caminhos da Maré” é uma ação que ocorre institucionalizada desde 2021, pelo eixo de Arte, Cultura, Memórias e Identidades inspirada nas aulas de campo do Curso Pré-Vestibular, ministrada pelo professor de história Ernani Alcides. Através de percursos traçados por moradores e instituições atuantes no território, busca rememorar, ampliar e discutir os lugares de memória e histórias da Maré, assim como propor integração social e territorial.
Nesta edição, a homenagem ao Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha representou a importância desta data também para a história da Redes da Maré, criada a partir da luta de diversas mulheres no Conjunto de 16 Favelas da Maré, em mobilizações coletivas como a "Chapa Rosa". Desde 1992, 25 de julho marca o Dia da Mulher Negra latino-americana e caribenha com a realização do 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas na República Dominicana. No Brasil, foi sancionada a Lei 12.987/2014 que instaura o Dia Nacional de Tereza de
Benguela e da Mulher Negra.
Tereza de Benguela foi uma liderança quilombola do Mato Grosso, no quilombo do Quiritarê. Depois do falecimento seu companheiro Piolho, liderou o quilombo de forma democrática por 20 anos até a invasão e destruição do quilombo em 1770. Conhecida como Rainha Tereza, simboliza a luta de mulheres negras do país.
Foto: Patrick Marinho
