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Public Note on official public security data

O Boletim Direito à Segurança Pública na Maré, edição especial, lançado pela Redes da Maré no dia 12/08/19, revela que o número de vítimas por morte violenta saltou de 14, no 1º semestre de 2018, para 27, no mesmo período de 2019. Esses dados foram divulgados, neste momento, em função da preocupação com o aumento dos confrontos armados no conjunto das 16 favelas da Maré, decorrentes de operações policiais ou de disputas entre grupos que controlam o comércio de drogas no varejo. Em 2018, foram 16 confrontos armados em todo o ano; em apenas seis meses de 2019 o número saltou para 21.

Em resposta aos dados revelados pelo Boletim, a Polícia Militar do Rio de Janeiro – PMRJ – divulgou Nota na qual compara números de letalidade violenta, referentes ao mesmo período, na Área Integrada de Segurança Pública – AISP 22, da qual a Maré faz parte, mas também inclui os bairros de Benfica, Bonsucesso, Higienópolis, Manguinhos e Ramos. Na citada AISP, a letalidade violenta apresentou redução de 27%, diminuindo de 74 para 54 mortes.

Vale destacar que estamos falando de uma área em que, dos seis bairros que a compõem, apenas Maré e Manguinhos são constituídos predominantemente por favelas, cujos contingentes populacionais representam, respectivamente, 49% e 14% dos 266.248 habitantes da AISP (IBGE, Censo 2010).

Uma leitura superficial desses números pode nos fazer acreditar que a letalidade violenta diminuiu também na Maré, o que não corresponde aos fatos. Na verdade, os dados reforçam a conclusão de que a Maré está recebendo um tratamento, no mínimo, perverso do Estado. Além da evidência dos números absolutos, a observação do conjunto dos seis bairros citados, como propõe a PMRJ, mostra que, no primeiro semestre de 2018, 19% da letalidade violenta da AISP ocorreu na Maré (14 de 74 mortes), ao passo que, nos primeiros seis meses de 2019, a letalidade violenta na Maré correspondeu a 50% das mortes (27 das 54 mortes de toda a AISP).

Portanto, ainda que nos bairros vizinhos a letalidade violenta tenha diminuído, o contrário está ocorrendo na Maré, como aponta a edição especial do Boletim Direito à Segurança Pública na Maré.

Redes da Maré.

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