Criança é criança. Às vezes, o óbvio precisa ser dito, lembrado. Parece oportuno, no dia das crianças, lembrar que todas são dignas de proteção, cuidado e carinho. Merecem e precisam brincar, estudar e serem felizes.
Crianças não serão alguém quando crescerem, elas já são e têm muito a dizer. Por isso, merecem mais que os brinquedos da última moda exaustivamente propagandeados nos meios de comunicação e redes sociais, mas principalmente a oportunidade de serem ouvidas de forma atenciosa. Crianças têm muito a dizer e muito a nos ensinar, todos os dias.
A Redes da Maré celebra cada criança das 16 favelas da Maré e agradece o quanto elas tornam esse território tão especial, com suas brincadeiras, com a forma como ocupam as ruas, as praças e as escolas. Sabemos o quanto estão sentindo falta das aulas e dos amigos e o quanto sofrem e sofrerão com essa distância. Caberá às políticas públicas, intersetorialmente e em parceria com organizações da sociedade civil, como a Redes da Maré, pensar em estratégias para reparar todos os danos desse processo, oferecendo às crianças da Maré todos os seus direitos.
Segundo dados do Censo Maré 2013, a população de moradores de até 14 anos de idade representava 24,5% do total. Uma população que anseia mais do que escolas, que demanda a proteção integral que prevê os marcos legais que versam sobre seus direitos.
Às vésperas desse dia celebrado em todo o país, mais uma criança da Maré foi vítima da violência armada. Leônidas de Oliveira, de 12 anos, morreu enquanto acompanhava sua avó numa ida ao supermercado, na Avenida Brasil. Foi baleado à luz do dia, numa das principais vias de circulação do Rio de Janeiro.
Novamente, precisamos afirmar o óbvio. É inaceitável a morte de mais uma criança vítima da violência armada no Rio de Janeiro. Mais uma criança preta, moradora de favela e que teve sua vida interrompida.
Desejamos um feliz dia para todas as crianças, mas conscientes de que ainda há muito a avançar para que esse dia possa ser celebrado por todas, sem distinção. Nesse sentido, buscamos o respeito às crianças de favela, que cada uma delas seja tão querida e protegida por todos a ponto de não tolerarmos mais a violência e a omissão diante de suas condições de vida.
No contexto de pandemia que assola o Brasil e o mundo, o isolamento das políticas públicas certamente não é antídoto aceitável e possível. É preciso, ao contrário, aglomerar-se pelos direitos das crianças e dos adolescentes e preencher os espaços de favela de tudo o que elas merecem para que se desenvolvam saudáveis e felizes e com toda a potência e inventividade que carregam em sua história.
Redes da Maré
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