O 13 de Maio, tal qual ensinado nas escolas, ignora muitos personagens e fatos, nos contanto apenas uma faceta dos acontecimentos, fazendo com que a maioria de nós desconheça as diversas estratégias, revoltas e alianças, perpetradas por negras e negros em prol do fim da escravização. É uma data em disputa, onde nomes como os de Adelina, André Rebouças, José do Patrocínio, Dragão do Mar, Maria Firmina dos Reis, Estevão Roberto da Silva, Francisco José do Nascimento e Luiz Gama permanecem negligenciados. Este último, responsável pela libertação de mais de 200 pessoas escravizadas[1]. É uma data em disputa, onde são encobertos outros 13 de Maio, como o da Revolta das Carrancas[2] que, em 1833, 55 anos antes da Abolição, expressou um dos maiores levantes organizados por escravizados contra a violência escravista.
O país que mais tardiamente aboliu a escravização nas Américas, em 13 de Maio de 1888, instituiu uma abolição juridicamente, devido a inúmeras pressões internas e externas, sob intensos protestos das elites. Instituiu uma abolição sem inclusão, sem reparação. Sem educação, sem oportunidade, sem trabalho formal e justo. Sem casa, sem justiça efetiva. Para alguns, ainda é necessária uma Segunda Abolição.
O nosso 13 de Maio se constitui como data de Reparação, de uma história que está sendo reconstruída. Outras narrativas são trazidas à tona e afastam a ideia de uma história única e do mito da redenção, contados pelas elites e que eliminam da história oficial o protagonismo e agência de mulheres e homens negros, livres, escravizados e ex-escravizados que tornaram possível o direito à liberdade.
A Redes da Maré se solidariza com o povo negro e se compromete com a luta antirracista.
Tecedores e tecedoras da Redes da Maré.
[1]Província Negra, Kaled Kambour (roteiro) e Kris Zullo (arte). 1ª Edição – 2019 (80 páginas, 20cmx28cm, P/B). Gabaju Records & Comics Ltda ISBN 978-65-80923-00-7.
[2]Rebelião escrava no Sudeste do Império do Brasil: a revolta de Carrancas – Minas Gerais (1833) Marcos Ferreira de Andrade Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011
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