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Uma Maré de mulheres

Hoje, 8 de março, é o dia em que na maioria dos países do mundo são lembradas as lutas históricas das mulheres. Essa data tem como marco fundamental olhar de forma positiva para as trajetórias e os movimentos de trabalhadoras que, de forma organizada, se rebelaram contra a opressão sofrida em suas atividades profissionais em diferentes continentes. Um dia marcado no calendário anual para lembrar e celebrar o fato das mulheres carregarem dentro de si a força revolucionária que se contrapõe, em qualquer situação, à aceitação e à passividade.

Nessa caminhada pela busca por garantir direitos, a partir das centenas de possibilidades que significam ser mulher, muitas lutas são materializadas e passos são dados na direção do reconhecimento de algo indiscutível: as mulheres, em todas as suas expressões, tem liderado um caminho de inegáveis conquistas às quais nos recusamos a voltar atrás. A busca por igualdade, liberdade, direito ao seu corpo, à cidade, a sua voz, dentre outras tantas lutas, não será contida ou silenciada pela onda conservadora que vivemos nos últimos tempos no Brasil.

De acordo com o Índice Global de Igualdade de Gênero 2019, em pesquisa desenvolvida pelo Fórum Econômico Mundial, o Brasil ocupa a alarmante posição de número 92, dentre as 153 nações analisadas. Dados sobre violência de gênero gritam que o Brasil continua sendo, infelizmente, um dos países mais violentos para as mulheres: a cada duas horas, uma mulher é vítima de feminicídio.

É preciso olhar, ainda, para o fato de que, ao se pensar nas opressões sofridas por mulheres, é imprescindível irmos além das ideias pré-concebidas sobre gênero, considerando as condições de raça, classe e sexualidade, para que somente assim possamos encarar de forma honesta o fato de socialmente tolerarmos com tamanha naturalização o aumento no número de feminicídios de mulheres negras, lésbicas e transexuais, sobretudo em territórios como as favelas e periferias.

Por tudo isso, nós da Redes da Maré, que vivenciamos no dia a dia dentro das 16 favelas da Maré a constante luta das mulheres pobres - faveladas, racializadas, migrantes - entendemos que é urgente ampliar nossas apostas e responsabilidade política em torno destas questões que estruturam e balizam os processos de violências que atingem essa maioria da população. Sabemos, com isso, que reivindicar nossas humanidades e direitos a partir das sentenças sociais que nos oprimem cotidianamente é a única forma de construir e possibilitar transformações neste sistema tão desigual em que estamos todxs inseridas, para só então vislumbrarmos uma vida plena para todas as mulheres, em todas suas possibilidades e diferenças, e a sociedade de modo geral.

Nenhuma mudança de rumo acontecerá sem a nossa liderança, nossas lutas e, principalmente, reconhecendo e celebrando o legado e trajetória daquelas que vieram antes de nós. Viva a luta de todxs. Seguimos trabalhando, e acreditando: Dias MULHERES virão! 

Redes da Maré

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