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Pelo fim da pobreza menstrual: Absorvente gratuito para quem mais precisa fica!

Por Casa das Mulheres da Maré

 

Desde a semana passada, muito se fala sobre a importância da distribuição gratuita de absorventes. O veto do presidente Jair Bolsonaro a pontos importantes que garantiriam a distribuição gratuita a meninas e mulheres em condições de pobreza provocou revolta em grande parte das mulheres e da sociedade.

Segundo o IBGE, a cada ano, cerca de 1,4 milhão de pessoas  começam a menstruar, já que a idade média da primeira menarca é a partir dos 13 anos, ,e seguem até os 50 anos com este ciclo mensal, idade média de início da menopausa, quando cessa este fluxo.  São aproximadamente 60 milhões de meninas e mulheres que por quase 40 anos têm encontros mensais com a menstruação e  deveriam ter o direito ao acesso a absorventes ou coletores menstruais. Essa experiência não é qualquer coisa: quando você não tem informações, dinheiro para comprar absorvente, coletor e/ou remédios, isso vira uma experiência terrível que impacta negativamente a saúde e a educação das mulheres e das pessoas que menstruam.

No Brasil, não temos dados desse tema, mas em outros países, a UNICEF e PLAN INTERNATIONAL UK trazem que 48% das meninas britânicas sentem vergonha de estarem menstruadas (Reino Unido), 71% das meninas indianas desconhecem a menstruação até terem a menarca (Índia) e 20% das meninas colombianas consideram menstruação sujeira (Colômbia). Apesar dessa ausência de números, outros dados são importantes para pensarmos a realidade brasileira: o IBGE diz que 213 mil meninas não têm acesso a banheiros em condições de uso nas escolas, sendo a maioria negra e localizada na região Norte e Nordeste. Num raro estudo feito no interior de Pernambuco, de Ana Carolina Pitangui e outros, 31% das meninas já faltaram à escola em decorrência da menstruação.

Na Maré, a Casa das Mulheres da Maré tem buscado compreender melhor o tema a partir da sua frente sobre direitos sexuais e reprodutivos, que abarca todo o debate sobre Justiça Reprodutiva. Essa compreensão está sendo feita a partir da coleta de dados junto às mulheres que são atendidas nas palestras oferecidas pela Casa sobre saúde sexual e reprodutiva, que fazem parte de um projeto em que, além de dividir conhecimento sobre métodos contraceptivos, busca facilitar o acesso à colocação de DIU no SUS para as mulheres que trazem esta demanda. 

E as ações da Casa das Mulheres não param por aí. No final de 2019, uma conversa com a empresária mareense e influencer “Boca Rosa” sobre empreendedorismo possibilitou a aproximação da Casa das Mulheres da Maré com a pauta da higiene menstrual. Ela indicou a Redes da Maré para receber  500 coletores menstruais da Fleurity. A Casa das Mulheres passou a fazer reuniões com 8-10 mulheres em diversos locais da Maré  para conversar sobre e doar os coletores. Foram doados também às tecedoras e às mulheres que moram na Flávia Farnese. Primeiramente, foram reunidas 5 mulheres lideranças desse território para tratar da temática. Depois, junto às lideranças, foram entregues os coletores às demais mulheres moradoras da cena. Houve palestra sobre os coletores e sobre higiene menstrual. Outras doações de coletores foram feitas às mulheres que participaram das palestras sobre direitos sexuais e reprodutivos e colocaram o DIU. Recentemente, recebemos 50 kits de absorventes descartáveis da ONG Tô de Chico, criada por um casal do Rio de Janeiro. Esses kits foram entregues na tenda do Espaço Normal e para as usuárias da Casa.

Ter acesso a absorventes ou outras formas de manejo menstrual deve ser direito para todas as pessoas que menstruam. Nenhuma dessas pessoas deve deixar de fazer o que quer e o que precisa fazer pela pobreza menstrual. Absorventes gratuitos ficam!

 

Rio de Janeiro, 18 de outubro de 2021

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