Uma operação policial integrada do Batalhão de Operações Especiais (BOPE), do Batalhão de Choque (BPChq), do Batalhão de Ações com Cães (BAC) da Polícia Militar, a Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) e a Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) da Polícia Civil, teve início por volta das 4 horas da manhã de hoje, 25/11/2022, no Conjunto das 16 Favelas da Maré. Sua motivação, segundo a assessoria da Polícia Militar, é o combate ao roubo de cargas e veículos que são levados para essa região.
A operação já dura mais de 15 horas e conta com 8 mortos e 1 ferido. Além da violência física a muitos moradores, a operação policial interferiu no funcionamento do comércio local, de 50 escolas públicas, 7 equipamentos de Saúde, 1 equipamento público de cultura e muitos projetos sociais que não puderam acontecer hoje.
Além desses danos objetivos, os moradores da Maré, cerca de 140 mil pessoas, foram submetidos à presença de helicópteros e de intensos tiroteios ao longo de todo o dia, instalando-se terror e situações de violações de direitos que fogem a um contexto de legalidade.
Algumas perguntas nos cabe, diante de uma situação tão crítica: quem tem o direito à segurança pública? por que esse tipo de atuação da polícia acontece dessa maneira, historicamente, nas favelas? Há uma insistência em investir em um modus operandi que, objetivamente, não é eficaz. Até quando os moradores de favela vão pagar o preço dessa escolha com suas vidas?
Em nenhum outro bairro do Rio de Janeiro que não fosse uma favela aconteceria o que está acontecendo hoje nas favelas da Maré.
A Redes da Maré não compactua com nenhum tipo de violência e vem a público manifestar sua indignação em relação às escolhas de ações violentas das polícias que atuam com total desrespeito à vida humana, inclusive, também, colocando em risco a integridade física dos profissionais envolvidos na operação.
Ressaltamos que entre os pedidos da ADPF 635 (ADPF das Favelas), que continua em vigor restringindo as operações policiais durante a pandemia, está justamente a presença de ambulâncias no local, o que poderia ter sido fundamental durante o socorro das vítimas. Outro desrespeito dessa operação é a impossibilidade da realização de perícias, que inviabilizam o processo investigativo das mortes na região.
Foto © Douglas Lopes
Rio de Janeiro, 25 de novembro de 2022
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