Esta é a coluna Quem Tece a Redes, um compilado das histórias de pessoas que constroem a nossa organização e que tecem todos os dias o que fazemos de melhor: ações e projetos para moradores da Maré. Conheça aqui essas histórias, trajetórias, experiências e a própria história da Redes da Maré - e como esse trabalho e os desafios enfrentados a partir da pandemia os têm transformado.
Por necessidade da atenção aos filhos, Zeneida teve que se afastar dos estudos, mas com o início do trabalho na Redes da Maré, ela ingressou no Curso Pré Vestibular da Redes, em 2015. Nessa primeira tentativa, conciliar os estudos com as outras demandas de trabalho foi um desafio e não foi possível acessar a universidade. Em 2018, Zeneida decidiu tentar mais uma vez, com a companhia e incentivo da filha Giovana, que também prestaria vestibular naquele ano. O sonho de ingressar em uma graduação já existia em Zeneida, mas foi o trabalho com as visitas domiciliares a famílias do território no projeto Vínculos Solidários que a fez optar pelo curso de Serviço Social: “com as visitas domiciliares vi como era a vida das pessoas de verdade. VI a falta de direitos, muitas pessoas nem têm o conhecimento de que uma boa escola, um lazer são direitos’. “Consegui passar em 3º lugar em Serviço Social na UERJ, uma profissão que eu me identifico bastante”. Zeneida cursa no momento o 3º período do curso e faz parte de 2,3% da população mareense, que de acordo com o Censo Maré, ingressou no ensino superior.
No início da pandemia, logo no primeiro dia de entregas de cestas básicas, Zeneida chegou junto para colaborar. Porém a suspeita de um caso no trabalho do marido a obrigou a colaborar de casa. A vontade era grande de poder atuar na campanha: ”é um trabalho muito bonito, todo mundo se empenhando, isso contagia muito”. Com esse contratempo inicial ela realizou entrevistas sociais com famílias para recebimento das cestas básicas e cartões de alimentação, virtualmente.
Para a tecedora, esse momento que vivemos é de aprendizado. Oportunidade de olharmos para o outro de maneira diversa, sobretudo respeitando as diferenças. Sobre o trabalho da Redes da Maré, ela espera que os moradores se apropriem cada vez mais, para que também entendam seus direitos. O recado que deixa para todas e todos é que foi com persistência e perseverança que ela realizou sonhos de trabalhar com o que queria e ingressar na universidade, e esse é o caminho que ela acredita ser possível para conquistar objetivos.
Rio de Janeiro, 01 de dezembro de 2020.
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