PROJETO

O projeto de alfabetização para mulheres da Maré, “Escreva Seu Futuro”, teve início em 2019 e tem o desafio de alfabetizar moradoras que nunca estabeleceram uma relação contínua com o saber escolar e os processos de aprendizagem e garantir o ingresso e/ou retomada de suas trajetórias escolares após anos de afastamento das salas de aula.

Entendendo a importância do rompimento de tais barreiras, os principais propósitos do projeto são diminuir os índices de analfabetismo na Maré, garantir o acesso à educação básica e contribuir para a emancipação dessas mulheres. Mais de 200 mulheres já foram impactadas pelo projeto e viram suas vidas transformadas com a abertura de novos horizontes e resgate da autoestima.

 

A iniciativa é uma parceria da Redes da Maré, L’Oréal Lancôme e Programa Integrado da UFRJ para Educação de Jovens e Adultos.

 

Projeto Escreva Seu Futuro | alfabetização para mulheres da Maré

 

Como é o perfil do analfabetismo na Maré?

 

 

Segundo o Censo Maré, publicação da Redes da Maré, as taxas correspondem a 6,2% das mulheres a partir de 15 anos que não sabem ler e escrever, distribuídas nas 16 favelas da Maré.

Seguindo uma ordem de divisões por faixas etárias de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são:

• 0,8% de jovens mulheres entre 15 e 19 anos não sabem ler/escrever;

• 39% de adultas entre 20 e 59 anos não sabem ler/escrever.

 

Na população com menos de 55 anos, o analfabetismo entre as mulheres é um pouco menor do que entre os homens. Mas a partir dos 55 anos, a relação se inverte e o analfabetismo é maior entre as mulheres. Esses dados evidenciam que até a década de 1960, enquanto uma grande parcela da população brasileira ainda não tinha acesso ao letramento, as mulheres tinham ainda menos acesso do que os homens. Isso só começa a mudar a partir da década de 1970, quando a universalização do acesso à escola foi colocada definitivamente na agenda do país.

Com relação às idosas:

• 70 anos ou mais - 37,39% não sabem ler/escrever;

• 65 a 69 anos - 28,6% não sabem ler/escrever;

• 60 a 64 anos - 20,4% não sabem ler/escrever.

 

Atividade de confecção de pequenos livros autobiográficos com as alunas, na turma que acontece na Casa das Mulheres da Maré, guiada pela alfabetizadora Carla Barreto, em maio de 2019.

Formatura das alunas da turma de 2019 na sede da L'Oréal no Rio de Janeiro.

Atualmente

 

Hoje, o curso de alfabetização para mulheres envolve um percurso de 10 meses e, ao término do curso, após avaliação diagnóstica e articulação com as escolas públicas da Maré, a equipe realiza o encaminhamento para uma das escolas que atendem a modalidade de Educação de Jovens e Adultos.

As alunas entram nas turmas com níveis diferentes de alfabetização, por isso nem todas concluem o processo ao mesmo tempo. A equipe acolhe essas mulheres no ano seguinte para que deem continuidade ao processo de alfabetização.

As inscrições são realizadas no início do ano, geralmente na segunda quinzena de fevereiro, e todas as informações são divulgadas pelas redes sociais da instituição, assim como em carros de som e panfletagem pelo território.

 

Aula inaugural em março de 2022, no Centro de Artes da Maré,
marcando o momento de volta às aulas presenciais.

 

 

O projeto conta com 7 turmas
localizadas em 6 favelas e divididas em diferentes turnos:

 

Turmas manhã, de segunda a quinta:

• Nova Holanda - Prédio da Redes (R. Sargento Silva Nunes, 1012) - 10h às 12h

• Vila dos Pinheiros - Sede da Redes dentro do CIEP Ministro Gustavo Capanema (Via A1), - 8h às 10h

• Conjunto Esperança - Associação de Moradores do Conjunto Esperança (R. Manoel Falcão A. Maranhão, 133-215) - 10h às 12h

• Nova Maré - Lona Cultural Municipal Herbert Vianna (R. Ivanildo Alves, s/nº) - 10h às 12h

Observação: A Lona da Maré está em reforma e as aulas estão sendo realizadas na Casa Preta da Maré (R. Sargento Silva Nunes, nº 1.016)

Turmas tarde, de segunda a quinta:

• Parque União - Casa das Mulheres (R. da Paz, 42) - 14h às 16h

• Marcílio Dias - Associação de Moradores de Marcílio Dias (Av. Lobo Júnior, 83) - 15h às 17h;

 

Turma noite, de segunda a quinta:

• Parque União - Casa das Mulheres - 19h às 21h

O projeto possibilita a elas uma retomada à vida escolar, estimula a autoestima, o autocuidado e a busca pela realização de sonhos adormecidos, além de ressaltar a importância de se identificarem como donas de seus destinos, sendo mães, esposas, profissionais e mulheres múltiplas e fundamentais em nossa sociedade.

 

 

Depoimentos de alunas e professora da turma de 2019

 

 

Luzinete Antônio

 

Maria Araújo da Silva

 

Maria do Carmo Araújo

 

Ana Claudia Araujo

 

Maré de Notícias #108 - janeiro de 2020

 

 

Senhoras do Destino

Projeto educacional oferece novos horizontes às mulheres da Maré

 

Maré de Notícias #131 - dezembro de 2021

 

 

Um novo futuro, letra após letra

Projeto busca resgatar a autoestima de mulheres através da alfabetização

 

EQUIPE

 

“Em alguns relatos as educandas estavam na busca pela alfabetização por necessidade de permanecer no trabalho em que estavam, pois para elas, saber ler e escrever possibilita a realização das atividades e a permanência no trabalho. Assim, a sua sobrevivência ou a subsistência de suas famílias estavam em jogo.”

Alcicleia Ramos, 34, alfabetizadora

 

"A gente conseguiu fazer um trabalho muito bonito em 2020 e fizemos com que o ano não passasse em branco. Criamos o grupo de WhatsApp pensando justamente em manter o vínculo com as alunas e também mandar algumas atividades. O grupo manteve uma rotina e acredito que tanto a equipe quanto as alunas aprenderam muito e fortaleceram os laços."

Beatriz de Lima, 24, alfabetizadora

 

"Foi um grande desafio proposto, não só para mim como professora, mas para as alunas também. Digo desafio porque temos que ter aparelhos que suportem uma boa memória, temos que ter uma boa dicção, perder a vergonha diante das câmeras, e conseguir prender essas alunas de uma forma participativa. A alfabetização em sim precisa de um olhar atento, de um acompanhamento. Mas nosso objetivo maior sempre foi manter o grupo, sempre lembrando que essa oportunidade não pode ser deixada de lado, todos temos direito à educação."

Débora de Oliveira, 56, alfabetizadora

 

ALUNAS

 

"Eu estava aprendendo muito com as aulas, estou com saudades e peço muito a Deus que essa pandemia acabe para a gente continuar as nossas aulas. Só tenho que agradecer a cada professora que passa os deveres para a gente fazer."

Elaine Alexandre, 58, turma de 2019 e de 2020, do Conjunto Esperança

 

"Pra mim tá sendo uma benção! To aprendendo cada vez mais, vou soletrando. Já to sabendo ler um pouquinho."

Marlí Cândido, 56, turma de 2020, de Marcílio Dias

 

"O projeto pra mim foi muito maravilhoso. Eu gostei tanto que estou em outro colégio, no 6º ano, já estou lendo. Eu não desisti e nem vou desistir, ainda vou ver minha formatura!"

Antônia de Maria, 47, turma de 2019, do Conjunto Esperança

 

EQUIPE

Coordenação de projeto: Edvânia Ferreira Bezerra

Coordenadora geral do Programa Integrado da UFRJ para Educação de Jovens e Adultos: Ana Paula Moura

Educadoras

Beatriz de Lima Pequeno, Débora de Oliveira Sant’Anna, Maria Cleani da Silva da Costa e Isabela Pereira Braz

 

PARCEIRO APOIADOR

Lâncome

PARCEIROS INSTITUCIONAIS

Programa Integrado da UFRJ para Educação de Jovens e Adultos

CONTATO DO PROJETO

E-mail: edvania@redesdamare.org.br | eixoeducacao@redesdamare.org.br

WhatsApp Redes da Maré: (21) 99924-6462

 

PRINCIPAIS REALIZAÇÕES

2022

41 alunas foram alfabetizadas e mais de 20 matriculadas na rede municipal para dar continuidade à vida escolar nas turmas da EJA. 39 foram encaminhadas para acolhimento da equipe psicossocial da Redes da Maré. | Foram realizadas 9 atividades extraclasses, como: Visita à exposição Alzheimer na Casa da Ciência/UFRJ; Participação na semana da pedagogia na Faculdade de educação da UFRJ:Roda de conversa com graduandos da disciplina "Práticas de ensino na EJA" realizada na Faculdade de Educação da UFRJ; Rodas de conversa com a equipe psicossocial do eixo Educação abordando "Tipos de violências"; etc. | Apresentação e menção honrosa do trabalho: “A essencialidade do papel do educador da produção do material pedagógico”, na 11ª Semana de Integração Acadêmica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (SIAC/UFRJ). Veja o resumo.

2021

Ainda impactado pela crise sanitária, o projeto lançou mão de cadernos pedagógicos, que possibilitaram que mais alunas acessassem as nossas atividades pedagógicas através de um material impresso. | Apresentação do artigo “Escreva seu Futuro online: estratégias de engajamento nas aulas da EJA em contexto de pandemia”, no 9º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária (CBEU), entre 10 e 11 de março. | Apresentação do trabalho “Escreva seu Futuro: projeto de alfabetização para mulheres da Maré em diálogo com Paulo Freire”, no Pré-Colóquio Paulo Freire, evento de extensão da Faculdade de Educação da UFRJ em parceria com o Centro Paulo Freire - Estudos e Pesquisas, entre 3 e 4 de maio. | Apresentação do trabalho “O Escreva Seu Futuro na busca por abordagens didáticas possíveis em tempos de pandemia”, no I Seminário Lusófono Digital em EJA, da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), entre 3 e 5 de novembro. | Participação das educandas na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), na roda de conversa “Com a palavra, os sujeitos da Educação de Jovens e Adultos” da UFRJ, relatando suas trajetórias na busca pela escolarização, no dia 05 de outubro. | 10 alunas concluíram a alfabetização e foram encaminhadas para a rede municipal para prosseguirem com seus estudos.

2020

Devido ao cenário da pandemia, as aulas presenciais foram suspensas, priorizando um acompanhamento dessas alunas com rotina de atividades pedagógicas via WhatsApp, exercícios e envio de dúvidas, além de informações seguras sobre o cenário mundial da covid-19, cuidados e acompanhamento da vacinação, segurança alimentar, saúde mental e questões sociojurídicas.

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2019

No ano em que o projeto ocorreu de forma presencial, o Escreva Seu Futuro chegou a alcançar mais de 100 alunas inscritas, das quais grande parte foi encaminhada para uma escola regular para dar continuidade aos estudos após a alfabetização, fruto do início da parceria com o Centro de Educação de Jovens e Adultos da Maré (CEJA-Maré). Do total, 40 alunas concluíram a alfabetização. | Encontros para formação na Casa das Mulheres da Maré, abordando temas como gênero, raça, direito à segurança pública, acesso à justiça e enfrentamento das violências contra as mulheres. | Visita ao Museu do amanhã e às exposições “Abdias Nascimento, a Arte de um Guerreiro”, Centro de Artes da Maré (CAM); “Mulheres na coleção MAR” e “Rosana Paulino: A Costura da Memória” (Museu de Arte do Rio).

NOTÍCIAS


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