EQUIPAMENTO


O Espaço Normal (EN) é o primeiro espaço de referência sobre drogas em territórios de favelas no Brasil. O projeto é uma experiência inovadora, oriunda da sociedade civil, para o desenvolvimento de novas metodologias de cuidado e desenho de políticas públicas para a população em situação de rua e/ou pessoas que usam drogas em contextos de favela, violência armada e barreiras sistemáticas de acesso à direitos.

O EN também se tornou referência no contexto internacional da redução de danos ao ampliar a metodologia de trabalho com esse público para além da perspectiva centrada em cuidados medicalizados, de saúde básica e da assistência, incluindo uma dimensão territorial, comunitária e de direito à cidade.

Fruto de três anos de pesquisa e intervenção junto às cenas de uso de crack e outras drogas, localizadas na rua Flávia Farnese e na Avenida Brasil, a Redes da Maré inaugurou, na Nova Holanda, em maio de 2018, o Espaço Normal, centro de referência em redução de danos. Em 2022, o projeto ganhou espaço próprio: o Galpão do Espaço Normal, na Rua 17 de fevereiro, 237 - Parque Maré.

O principal objetivo do projeto é pautar uma agenda positiva sobre práticas de redução de danos e políticas de cuidado a partir do protagonismo das pessoas que frequentam o espaço e a partir do território.

A partir da convivência e da articulação de uma ampla rede de cuidado no território, o Espaço Normal trabalha a autonomia do sujeito e o cuidado em liberdade através da promoção do autocuidado, da geração de renda, do acesso a espaços culturais, e a outras regiões de lazer na cidade, e do acesso às políticas públicas.

O Espaço Normal é um equipamento inter-eixos e segue o percurso metodológico da Redes da Maré, envolvendo produção de conhecimento, formação, articulação, intervenção e incidência política. Suas ações também envolvem todos os eixos temáticos e transversais da instituição: Saúde, Educação, Direitos Urbanos e socioambientais, Segurança Pública e Acesso à Justiça, Arte, Cultura, Memória e Identidade, equidade racial e equidade de gênero.

O EN também se tornou referência no contexto internacional da redução de danos ao ampliar a metodologia de trabalho com esse público para além da perspectiva centrada em cuidados medicalizados, de saúde básica e da assistência, incluindo uma dimensão territorial, comunitária e de direito à cidade.

 

               O ESPAÇO NORMAL ARTICULA CINCO FRENTES DE ATUAÇÃO:


 

 

 

 

(1) CONVIVÊNCIA:

criação de alternativas para pessoas em situação de rua e/ou com uso prejudicial de drogas e familiares; escuta ampliada, atendimento compartilhado, acesso à direitos básicos (higiene e alimentação, descanso), oficinas artísticas e culturais, acesso à espaços culturais e de lazer na cidade, inclusão digital, vinculação familiar e territorial.



(2) ARTICULAÇÃO E INCIDÊNCIA POLÍTICA:  

ARTICULAÇÃO E INCIDÊNCIA POLÍTICA: articulação institucional e territorial para construção de uma agenda local de redução de danos. A partir de encontros semanais com as instituições públicas que atendem a população, compartilha-se o cuidado e amplia-se a rede de apoio e acesso a direitos. Atualmente o projeto está presente nos seguintes espaços de representação e discussão do tema: Fórum de Drogas e Cuidado dos moradores da Maré; Fórum de Maternidade; Fórum de pessoas em situação de rua; Conselho Municipal Antidrogas do Rio de Janeiro; Fórum Estadual de Políticas Públicas sobre drogas - secretaria estadual de prevenção às drogas e da Plataforma Brasileira de Política de drogas ( PBPD). Além de participar, o projeto também promove o encontro de instituições e equipamentos que atendem na Maré o público do projeto, em reuniões semanais do do ATENDA - Dispositivo de atendimento integrado. Link para artigo!



(3) PROTAGONISMO:

Incentivo ao protagonismo das pessoas que convivem diariamente no espaço, fomentando a apropriação e defesa dos seus direitos, através da participação em fóruns e conselhos temáticos e outras formas de organização, e geração de renda. A metodologia do suporte entre pares é uma ferramenta de transformação positiva da realidade de pessoas vulnerabilizadas em situação de rua e que utilizam drogas. ELAS EM CENA - as quartas-feiras são dedicadas à convivência entre mulheres. A partir do protagonismo das mulheres, o EN desenvolve estratégias específicas para práticas de cuidado com perspectiva de gênero.





(4) SENSIBILIZAÇÃO E PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO:

Sobre práticas de redução de danos em contextos de violência; sensibilização dos moradores, profissionais e vizinhos, formações, cuidado territorial/cuidado compartilhado, ações de rua e ações na cenas de uso de crack e outras drogas na região.



 

 

 

 

(5) PESQUISA E FORMAÇÃO:

PESQUISA E FORMAÇÃO: O projeto iniciou em 2015 com uma pesquisa na cena de uso da Flávia Farnese. Essa pesquisa publicou o artigo “Meu nome não é cracudo” e iniciou uma série de ações e articulações que fizeram o projeto chegar até o Galpão Espaço Normal. Entre 2019 e 2022, o EN foi parceiro da pesquisa (Construir Pontes).

Em 2023, o EN iniciou uma pesquisa-ação sobre as práticas de cuidado com perspectiva de gênero (Elas em cena). O EN colabora na formação de diversos profissionais, a partir da inserção no serviço de residentes multiprofissionais e estagiários. - Residência multiprofissional da Secretaria Municipal de Saúde- RJ nos moldes de estágio externo; - Residência multiprofissional do Instituto de Psiquiatria IPUB/UFRJ.


Por que o espaço se chama Normal?

 

Carlos Roberto Nogueira, também conhecido como “Nem” e “Normal”, foi uma liderança local da cena de consumo e moradia da Rua Flávia Farnese, na Maré. Desde o início do projeto da Redes na área, em 2015, Normal ajudou a equipe a construir vínculos com a cena e a consolidar sua atuação naquele espaço. Carismático, talentoso e extrovertido, Normal foi um exemplo concreto das complexidades, desejos e potências que atravessam as trajetórias das pessoas que estão em situação de rua.


Em janeiro de 2018, enquanto o Espaço era preparado para ser inaugurado, Normal morreu vítima de bala perdida na cena da rua Flávia Farnese. Ele tinha 32 anos.

O nome do Espaço Normal se deu, então, como homenagem a Carlos e a todas as pessoas que, como ele, tiveram e têm suas vidas marcadas pela violência produzida pela guerra às drogas. O nome Normal também pretende reivindicar novos olhares sobre pessoas que usam drogas e/ou que estão em situação de rua, servindo como lembrete constante do direito a ser “diferente” combinado ao desejo das pessoas que são sistematicamente estigmatizadas pela sociedade de serem vistas como "normais”.

Horário de atendimento

Espaço de convivência: De segunda a quinta-feira, das 9h às 15h. Nas quartas-feiras, os atendimentos são exclusivos para mulheres. Nas sexta-feira o espaço funciona das 9h às 12h30.

 

Para tirar dúvidas, escreva para espaçonormal@redesdamare.org.brbr ou mande uma mensagem para nosso WhatsApp: (21) 96780-4614

 

Endereço

Galpão do Espaço Normal

Rua 17 de fevereiro, 237 - Parque Maré
Telefone: 21 3105-4767

Publicações

 


Meu nome não é cracudo  

Em 2015 a Redes da Maré desenvolveu um processo de aproximação à cena aberta de consumo de drogas da rua Flávia Farnese, na Maré, atípica no Rio de Janeiro por sua estabilidade geográfica e demográfica. Combinando observação participante, criação de vínculos, intervenção, articulação institucional e entrevistas semiabertas com 59 dos cerca de 80 moradores da cena, buscou-se traçar o perfil e identificar as demandas dos moradores, entender as dinâmicas incidentes no espaço que ocupam e mapear as políticas de atendimento que ali atuam. Ponto de convergência de problemas sociais urbanos e contexto marcado por diversas violências, discriminações e trajetórias de marginalização, o estudo da “cracolândia” revela a urgente necessidade de políticas públicas integradas, capazes, inclusive, de ampliar as práticas de redução de danos para além das relacionadas diretamente ao uso de drogas. Revela também a importância da mediação de uma organização da sociedade civil integrada no território para articular demanda e oferta de políticas públicas, e facilitar a formulação de estratégias sustentáveis de atendimento aos usuários de drogas em situação de rua.


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É preciso estar atendo e forte  

Esta Coletânea, fruto de um esforço coletivo, reúne as produções de diferentes pesquisas e pesquisadores vinculados ao Núcleo de Pesquisa sobre Políticas de Prevenção da Violência, Acesso à Justiça e Educação em Direitos Humanos (NUPPVAJ), ligado ao Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ela foi possível graças ao apoio do CNPq1 ao Projeto de pesquisa2 “Políticas intersetoriais de Prevenção à Violência Urbana junto às populações em situação de rua”, no período de outubro de 2013 a outubro de 2017. Seu eixo condutor são um olhar que evita projeções etnocêntricas e uma escuta que se abre para as demandas das populações em situação de rua por reconhecimento, afrmação e efetivação dos direitos de cidadania.


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